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Apresentação

             No primeiro semestre de 2018, os estagiários do curso de licenciatura em filosofia, dos quatro níveis, realizaram, em sessões de estudos com o supervisor de estágio da FAFIL acerca da formação e profissionalização do professor de filosofia, um importante debate, no qual se tematizou e colocou em questão o processo de os graduandos se tornarem docentes, por meio da formação na licenciatura em filosofia, que ganhava maior vigor e efetividade com a experiência do estágio.

            Buscava-se trazer a experiência de questionamento e reflexão, consideradas atitudes próprias à formação filosófica, para pensar o estágio em filosofia, a fim de superar concepções mais limitadas desse momento da formação do professor que, privilegia, por vezes, no processo de inserção e contato dos estagiários com o ambiente real de trabalho, a socialização profissional e a aplicação de conhecimentos já adquiridos nas situações de ensino-aprendizagens na licenciatura.

            A proposta que se fazia era que o estágio precisava comportar a experiência de investigação e a reflexão filosófica como dimensões de uma práxis criativa, portanto, capaz de superar uma socialização mimética, mas também um tipo de conexão mecânica entre teoria e prática, fundada na ideia de aplicação e eficácia didático-pedagógica.

            Com base nessa inspiração, buscava-se a radicalização do questionamento do estágio, mas a partir das situações concretas da formação e atuação dos sujeitos envolvidos.

Por isso, reconheceu-se, também, a importância de estreitar laços da Universidade, particularmente da Faculdade de Filosofia, como instância de formação inicial do docente de filosofia, com instituições da educação básica que formam pessoas, a começar por crianças e adolescentes, chegando aos jovens e adultos.

            Assim surgiu a ideia de realizar um evento dedicado ao ensino de filosofia, que se intitulou de “I Jornada do ensino de filosofia”. No processo de planejamento da FAFIL, representada pelo supervisor de estágio, com os alunos estagiários, decidiu-se pelo tema “Experiências e vivências no ensino de filosofia”. Esse seria o ponto de partida para – por meio de palestras, mesas de debate, comunicações e relatos de experiência – ampliar o esforço de reflexão que se fazia nas sessões de estudos e debates das aulas de estágio e nas experiências e vivências de alunos, mas também dos professores que acompanham os estagiários na escola e exercem à docência na educação básica.

            Desse modo, as vivências e experiências, ao serem publicizadas e debatidas, receberiam a possibilidade de, pelas trocas críticas, ampliarem o grau de “jurisprudência pública” de validação, de modo a contribuir com a abertura de novos horizontes à formação e atuação docente em filosofia. 

            Entendia-se, igualmente, que a crítica das formas sedimentadas de estágio como socialização, incluindo o debate das experiências discentes e docentes com o ensino, portavam, por si mesmas, um grande potencial formativo, contribuindo significativamente com a preparação do licenciando para inserir-se crítica, criativa e reflexivamente no campo profissional.

             Víamos, da mesma forma, que a Jornada de Ensino seria uma ocasião propícia à produção mais sistemática de conhecimento novo a respeito do ensino de filosofia, e nesse ato mesmo, dar-se-ia a incorporação à formação dos sujeitos de um repertório de saberes e conhecimentos, recepcionados como hipóteses orientadoras para se repensar as possibilidades e limites dos sentidos instituídos da práxis docente. 

De modo mais sintético, os objetivos da I Jornada do ensino de filosofia, foram os seguintes:  1.  Fomentar o diálogo entre a universidade e a escola básica em torno da formação do professor de filosofia. 2. Incentivar a reflexão do discente de filosofia a respeito da sua formação e das práticas de ensino de filosofia. 3. Possibilitar a publicização e socialização de experiências e vivências de discentes e docentes com o ensino da filosofia. 4.  Refletir sobre as possibilidades e limites do estágio como experiência de encontro de teoria e prática do qual resulta a pesquisa e a produção do conhecimento.

             Essa fase inaugural pôde estabelecer algumas indicações fundamentais e balizadoras da Jornada de Ensino de Filosofia, após o balanço e avaliação cuidadosa do que se conseguiu realizar, a partir das contribuições dos participantes do evento. Recebemos com atenção as sugestões feitas a fim de incorporá-las, na medida do possível, nas futuras Jornadas que se tinha a expectativa de realizar.

No ano seguinte, 2019, foi realizada, nos dias 12, 13 e 14 de agosto, a II Jornada de Ensino de Filosofia, intitulada “O Esvaziamento da/em formação: filosofia, história e resistência”. O evento, na sua segunda versão ganhou maior amplitude e densidade, pois, foi possível, por exemplo, trazer um convidado com expressão nacional e internacional no estudo, pesquisa e produção de artigos e livros acerca do ensino da filosofia e da filosofia da educação.

             Pode-se criar uma página na Internet dedicada à divulgação do evento, à recepção de inscrição, hospedagem de Anais de Resumos de Comunicações, vídeos de conferência e palestra, com registro de ISSN. Manteve-se o espírito orientador das Jornadas de Ensino, agora com um importante salto no que concerne à organização, ao alcance e densidade dos debates e da produção de conhecimento.

Pode-se ler na justificativa da II Jornada de Ensino de Filosofia, o seguinte “Em virtude da nova escalada de movimentos que se assemelham bastante com aquilo que ficou conhecido no séc. XX como fascismo, no Brasil e no mundo, decidimos propor nesta segunda edição da Jornada um tema tenso, mas também de férteis relações entre a formação em Filosofia no Brasil, atrelado à História da Filosofia no mundo.

             Este evento tem como objetivo criar um espaço democrático de discussão teórica e trocas de experiências, entre profissionais e/ou estudantes desta Universidade e de outras IES da nossa região, sobre o desafio do ensino da Filosofia, seja na educação infantil, no ensino fundamental, no ensino médio, na graduação e na pós-graduação.

             A II Jornada do Ensino da Filosofia, cujo tema central é "O esvaziamento da/em formação: filosofia, história e resistência", é também um ato político, plural, que vem para marcar a importância da permanência do ensino da Filosofia em todas as esferas da educação brasileira, podendo ser a Filosofia um meio de sobrevivência frente a este cenário caótico e sombrio que povoa o território brasileiro.

O evento atingiu de maneira muito satisfatória os seus objetivos, tendo avaliação positiva dos participantes de modo geral. Algumas interessantes sugestões chegaram aos organizadores, após balanço da Jornada, na qual ressaltaram-se os pontos positivos, mas de igual modo os que podem ser aperfeiçoados em uma próxima Jornada, que deveria ter ocorrido em 2020, mas, como é de conhecimento de todos, a Pandemia veio surpreender a todos, exigindo um tempo de maturação para se explorar as “inéditas” soluções digitais.

 Assim, em 2021, foi realizada a III Jornada do Ensino de Filosofia (III JEF), que contou, na sua organização, com um grupo de professores da Faculdade de Filosofia, sendo que alguns atuam também no Programa de Pós-graduação em Filosofia. Destaca-se, do mesmo modo, a participação de alunos da graduação em filosofia, de alunos da Pós-graduação em educação (PPGED), bem como professores de Filosofia da SEDUC-PA, que atuam no Ensino Médio.

             A III JEF ocorreu nos 14, 16, 21 e 23 de setembro 2021, caracterizando-se como evento nacional, que contou no sua Programação e Comitê Científico, com docentes de reconhecidas universidades brasileiras, com tradição consolidada na formação de graduados e pós-graduados em filosofia. Esses professores são, na mesma proporção, pesquisadores de referência na área do ensino de filosofia e filosofia da educação.

Nas sessões de comunicações e relatos de experiência, teve-se, em todos os eixos temáticos, a participação de pesquisadores, inclusive em formação, de diversos programas de pós-graduação de universidades brasileiras.

Contextualizamos a III JEF, dizendo que em face do cenário atual da educação e da reforma das políticas curriculares, a presença do ensino a filosofia vê-se mais uma vez ameaçada, particularmente no Nível Médio. Como parte dessa situação, a concepção e o perfil do professor a ser formado nos cursos de licenciatura em filosofia são seriamente afetados, uma vez que se almeja, em um único movimento, alterar os currículos da Educação Básica e dos cursos universitários que formam professores para esse nível de ensino.

Assim, retornou-se à história da filosofia como disciplina, a fim de compreender, esclarecer e questionar, as metamorfoses das prescrições legais e curriculares acerca do ensino da disciplina na Educação Básica, particularmente após a emergência e vigência da Base Nacional Comum Curricular. Por via de consequência das mudanças curriculares mencionadas, por óbvio, o estágio curricular, para além da manutenção da carga horária, poderá, caso prospere a reforma, sofrer profundas mudanças, provavelmente condizentes com as concepções e o perfil de docente que se deseja instituir. 

             Esse debate ocorrido na II JEF e disponível no site do Evento, reuniu interlocutores interessados e envolvidos com o que está em jogo, o que justificou, portanto, que se chamasse ao debate em um gesto de maior aproximação, universidades e instituições de formação de alunos e alunas no Nível Básico de Ensino. Os professores de filosofia, formadores de crianças, adolescentes, jovens e adultos, na Escola Básica são sujeitos relevantes, como sempre foram, também na III JEF. Consideramos necessário pensar a formação e atuação do professor, frisando a carreira e profissionalização docente, bem como a necessidade de organização para garantir direitos.

             Os alunos do curso de filosofia e os estagiários mantiveram o espaço na III JEF, compartilhando, questionando e debatendo as experiências de estágio, especialmente na situação mais recente por que passa o Mundo e o Brasil como parte.

             Debatemos também possíveis saídas das dificuldades enfrentadas, com as possíveis contribuições da educação filosófica na medida em que pode apontar horizontes de encontro das diferenças e pluralidades, sem que a intolerância e violência criem fechamentos e dogmatizações que vetam o debate crítico e o enfrentamento razoável entre argumentos, por exemplo. 

             As reconfigurações do ensino médio em face do início da implementação das reformas curriculares mais recentes tematizada na III JEF, aprofundam-se e oferecem elementos que permitem a ampliação da reflexão e debate, particularmente acerca do ensino da filosofia e do lugar da disciplina no currículo, mas também das possíveis repercussões das reformas nos processos de formação do professor de filosofia.

             Com essa preocupação, tematizamos, na IV Jornada de Ensino de Filosofia, “Possíveis repercussões da reforma curricular na formação e atuação do professor de filosofia”, nos dias 06, 07 e 08 de dezembro 2022.

             A V Jornada de Ensino de Filosofia, propõe como tema “CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA DA UFPA: 50 ANOS FORMANDO PROFESSORES DE FILOSOFIA”, aproveitando-se do aniversário do curso, que em 2023, comemora o seu Jubileu de Ouro. É momento para refletir acerca da licenciatura em filosofia, trocar experiências sobre a organização curricular e a formação de professores de filosofia no Brasil, privilegiando a história dos cursos em relação ao contexto das reformas educacionais vigentes na educação básica brasileira.

Além da educação inicial do docente nas licenciaturas, pretende-se refletir também acerca da formação continuada na pós-graduação stricto sensu, destacando as contribuições tanto dos mestrado e doutorados acadêmicos quanto dos mestrados profissionais.

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